TEMAS DOMINANTES NAS LITERATURAS ROMÂNICAS

Ciclo carolíngio 

A sociedade cortês vivia há séculos iniciativas guerreiras e praticava o exercício da guerra. Valores como a honra, a generosidade, a coragem e o heroísmo, foram os ideais da cavalaria. Esta ordem deu origem à produção literária de caráter épico: a exaltação das gestas dos heróis.  Devido às guerras dos cristãos contra os árabes, muitas vezes, a épica guerreira convergia com a épica religiosa, o valor das armas com o valor da fé. Estes elementos épicos prosperaram principalmente na literatura em língua d’oil e na literatura em castelhano. 

Em língua d’oil foi o assim chamado ciclo carolíngio ou das “Chansons de geste”, poemas cantados por um jogral e que narravam as gestas de um herói.  O mais famoso destes poemas é “Chanson de Roland”, que narra as gestas de Roland durante o império de Carlo Magno na luta contra os muçulmanos. O estilo da obra é simples e elementar, refletindo a composição de gênero oral.  

Fonte: http://images.fineartamerica.com/images-medium-large/chanson-de-geste-granger.jpg
Chanson de Geste - Granger


Outra obra representativa do ciclo carolíngio é o “Cantar de mio Cid” em língua castelhana. O protagonista da obra é histórico, o nobre Rodrigo Díaz de Vivar. O cantar narra as proezas de Rodrigo, que, exilado pelo rei Afonso VI de León e Castilha, recupera sua honra vencendo os mouros em batalhas épicas.  

Ciclo bretão 

Este ciclo também representa a cavalaria, mas com traços mais espirituais. Está presente a fidelidade ao soberano e a coragem, mas as narrativas entrelaçam aventuras e gestas, o caráter mágico e sobrenatural, o tema amoroso e o adultério. Exemplos desse tipo de narrativa são as novelas do Rei Artur e os cavaleiros da Tavola Redonda. 

Nas cortes, também assumia grande importância o jogo do amor, que caracterizou o amor cortês. Não se tratava exatamente de um sentimento de amor, mas repetia os aspectos do relacionamento entre o senhor e seu vassalo. À mulher, o poeta oferece homenagem, devoção e submissão. A temática do amor nas literaturas europeias, explora a relação entre homem e mulher, que pode ser de caráter sentimental, passional e sexual. Nesta fase, quem expressa esta relação é geralmente um sujeito masculino. Portanto, é um ponto de vista do imaginário do homem.

  

Fonte: http://pluraluniverso.blogspot.com.br/2014/01/o-amor-cortes.html
Pareja de enamorados en jardín medieval. Renauld de Montaubor

Este fenômeno literário talvez seja o mais consistente da época, constituído por grande número de artistas e inserido em ambiente literário propício: a região da Provença, localizada no sul da França com posicionamento privilegiado entre os reinos da Espanha e da França setentrional e rica em nível culturalA poesia de amor em língua d’oc ou provençal, tinha como protagonistas os trovadores e os jograis. Os trovadores (trobadours) eram os verdadeiros poetas, os inventores dos textos. Os jograis (jongleurs) eram os homens do espetáculo e da atuação que visitavam as cortes e cantavam as composições dos trovadores. É preciso dizer que a poesia trovadoresca era inicialmente uma poesia para música a ser cantada com acompanhamento de instrumentos medievais. 




Palestra sobre o "amor cortês" de Raúl Gouveia Fernandes 
Mestre em Literatura Portuguesa / USP

BIBLIOGRAFIA:

SARAIVA, António José, LOPES, Oscar. História da literatura portuguesa. Porto: Porto, 1987.

SPINA, Segismundo. A lírica trovadoresca. Sao Paulo: Edusp, 1996.


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